Trajetória do Livro Didático
Você conhece a trajetória do livro didático? Como e quando começou o uso dessa ferramenta aqui no Brasil?
O artigo de hoje irá abordar um pouco da história do livro didático, mas antes de apresentar a linha do tempo dessa ferramenta pedagógica, vamos conhecer um pouco sobre a história do livro em si.
Hoje temos em mãos livros encadernados, com imagens diversas, algumas bem realistas, por sinal! Mas isso não foi sempre assim.
O homem sempre teve a necessidade de preservar a sua história, os seus feitos, por isso durante muito tempo ele procurou formas de tornar real o que era apenas uma necessidade. Assim surgiu o livro, um produto intelectual, para que os povos pudessem guardar o conhecimento e passá-lo de geração em geração.
No Egito antigo era utilizado papiro, espécie de planta usada desde 2500 a.C., ao qual constituí um grande rolo de folhas pregadas umas às outras. Por causa do excessivo volume surgiram os pergaminhos, suportes de peles de animais como carneiro, cabra, ovelha etc, muito utilizados pelos “monges copistas” da Idade Média.
No período medieval os livros eram considerados objetos de imenso valor e por isso, acessíveis somente para uma pequena parte da população (nobreza e o clero).
Somente no século XV, surgiu o livro como conhecemos hoje, quando Johann Gutenberg (1398-1468) criou a prensa de tipos móveis. A partir de sua técnica, aperfeiçoada dos asiáticos, Gutenberg produziu o primeiro “livro” na Europa denominado “Bíblia de Gutenberg”, (entre 1400 e 1456), com tiragem de 180 exemplares.
Essa invenção revolucionou a história do livro! A partir dela, a produção barateou, fazendo com que os livros pudessem alcançar muito mais pessoas ao redor de todo o mundo!
A popularização do livro ganhou força no mundo inteiro, considerado atualmente um dos objetos mais importantes de acesso ao conhecimento. Com o tempo, foram surgindo livros didáticos, livros de histórias infantis, livros de poesias, dentre outros.
O Livro Didático no Brasil (linha do tempo)
O livro didático tem uma data em homenagem a ele, você sabia? Sim, no dia 27 de fevereiro é comemorado o Dia Nacional do Livro Didático. A data, criada entre 1929-1930, pelo Instituto Nacional do Livro (INL), presta uma homenagem a esta ferramenta, que é a mais utilizada pelos educadores no auxílio à condução da prática pedagógica.
A chegada da família real, aqui no Brasil, em 1808, trouxe consigo alguns legados que marcaram para sempre a nossa história, um deles foi a chegada de uma máquina impressora fundando a imprensa régia. As primeiras obras didáticas publicadas foram traduções para a Escola Militar.
Apenas em 1822, ano em que o Brasil foi declarado independente, é que foi iniciada a produção do livro didático e o decreto das primeiras leis educacionais.
Em 1827 uma das primeiras obras didáticas brasileiras foi elaborada por um cidadão de destaque, denominada Escola brasileira ou instrução útil a todas as classes, de José da Silva Lisboa, o Visconde de Cairu, destinada aos professores de Primeiras Letras.
De acordo com Bittencourt, mestre e doutora em história social, Cairu utilizava como principal referência as Sagradas Escrituras. Ele demonstrava sua preocupação em disseminar a alfabetização, vista como fundamental para a vida civilizada. Além disso, buscava controlar o “perigo do livro”, capaz de difundir as “luzes” para as classes inferiores, gerando perda da mão-de-obra braçal.
O livro didático foi utilizado em diferentes momentos da história do Brasil como instrumento de reprodução ideológica (hoje não é diferente). Ele também reforçou e contribuiu para a formação do sentimento de nacionalidade, no século XIX, além de ser considerado importante para a formação de alunos e professores “mal formados”, sua elaboração deveria ser feita de maneira cuidadosa, articulada aos interesses do Estado.
No século XX, os livros didáticos utilizados no Ensino Secundário deveriam ser escolhidos criteriosamente pelo professor, com total vigilância do estado. Havia uma série de regulamentações de acordo com os estados para a adoção dos livros didáticos.
Na Era Vargas (1930-1945), houve um grande incentivo para a produção do livro didático nacional, o objetivo do governo da época era o de gerar uma nação forte e unida. Sempre houve uma preocupação com a produção do livro didático no Brasil, mas foi apenas nesse período, com a criação do INL- Instituto Nacional do Livro- foi que o Estado criou uma legislação específica para a produção do livro didático. O INL era um órgão público capacitado para legislar sobre tais assuntos e tinha por função zelar e ampliar a produção do livro didático no país.
Em 1938 foi criada a CNLD- Comissão Nacional do Livro Didático- cujas atribuições envolviam o estabelecimento de regras para a produção, compra e utilização do livro didático.
Anos depois, em 1966, foi criada a Comissão do livro técnico e livro didático– Colted. Esse órgão se dispôs de recursos suficientes para a distribuição de 51 milhões de livros no Ensino Fundamental, contemplando entre seus objetivos o aumento da produção do livro didático e o barateamento de seu preço. Mas, infelizmente, em 1971, esse órgão foi extinto por envolvimento em escândalos com transportadoras e empresas que montariam bibliotecas nas escolas.
Em 1971, foi criado pela INL o Programa do Livro Didático para o Ensino Fundamental (PLIFED) assumindo os recursos e trabalhos antes organizados pela Colted. No ano de 1976 foi extinto o INL, tornando-se a Fename responsável pelo Programa do Livro Didático – PLD.
No ano de 1985, a PLIFED deu lugar ao Programa Nacional do Livro Didático – PNLD. Foi a partir desse momento que os professores passaram a atuar de forma mais efetiva na escolha do livro didático, tentando selecionar o que mais se aproxima do contexto cultural dos alunos.
Em 2003, é criado o Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio (PNLDEM), porém, contemplando então apenas as disciplinas de Português e Matemática e proporcionando a distribuição completa desses livros para todas as regiões do país somente em 2005. As demais disciplinas foram sendo incorporadas entre os anos de 2007 e 2015.
Na atualidade o livro didático deve atender as perspectivas da BNCC, sendo que esse é um documento norteador para a criação do currículo de todo país.
O papel social do livro didático é indiscutível, sendo esse um facilitador no desenvolvimento do aprendizado de crianças e jovens de todo país. Essa ferramenta não deve (ou pelo menos não deveria) ser utilizada por forças políticas com objetivos ideológicos.
É necessário que o livro didático sempre seja pensado e repensado em cada contexto social que é utilizado e em cada função que ele desempenha. Ser conhecedor desse papel nos ajuda a atender a nossa realidade.
Texto Didático
Artigos científicos e programas de educação são exemplos de textos utilizados em livros didáticos.
Características do texto didático
- Objetividade
- Impessoalidade
- Linguagem acessível ao nível de conhecimento do leitor
- Abordagem que permite uma única e específica interpretação
- Frequentemente usado em programas de ensino-aprendizagem
- Adaptação dos sentidos para a mais clara compreensão da mensagem
- Coesão
O texto didático não é figurativo e, por este motivo, os termos são empregados de maneira exata.
Referências
DIANA, Daniela. O texto didático. Toda Matéria. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/texto-didatico/ Acesso em: 31 de jan. de 2023.
Dia do Livro Didático: conheça a trajetória dessa ferramenta no Brasil. Editora Brasil. Disponível em: https://www.editoradobrasil.net.br/dia-do-livro-didatico-conheca-a-trajetoria-dessa-ferramenta-no-brasil/ Acesso em: 1 de fev. de 2023.
ZACHEU, Aline; CASTRO, Laura. Dos tempos imperiais ao PNLD: A problemática do livro didático no Brasil. Disponível em: https://www.marilia.unesp.br/Home/Eventos/2015/jornadadonucleo/dos-tempos-imperiais-ao-pnld–a-problematica1.pdf . Acesso em: 2 de fev. de 2023.